A roupa lavava-se no tanque logo pela manhã para corar ao sol e secar ao vento.
Os mais velhos tomavam conta dos irmãos mais novos, dos sobrinhos mais pequenitos e ajudavam nas tarefas da casa e do quintal
A mãe fazia o trabalho dentro e fora da casa.
Tratava dos animais, da horta, da comida, e da roupa casa. Sempre agarrada ao tanque que era muita gente em casa.
Andávamos sempre atrás da mãe que não nos queria sozinhos em casa.
Andávamos sempre atrás da mãe que não nos queria sozinhos em casa.
No verão sabia bem ir á horta lavar a roupa.. Era lá que estava o tanque, ao pé do poço.
A horta era quase um jardim. O nosso pai fazia canteiros de flores que haviam de abrir e murchar ali. Não gostava de as ver cortadas.
Também não matava a criação, era a nossa mãe que o fazia.
Sabia bem mergulhar as mãos na água fresquinha do tanque enquanto se ajudava a esfregar a roupa e se deitava um olho aos sobrinhos. "Que não estragassem os canteiros do avô nem caíssem á vala". Avisava a mãe.
De inverno a horta cobria-se de geada. Tudo branquinho logo pela manhã.
As novidades já despontavam na terra.
As cores esbatiam-se com as nevoas e o branco da geada. Parecia que as nuvens desciam ao chão.
Os raios de sol da manhã luminosa refletiam as cores do arco íris sobre o gelo da agua do tanque.
Partia se o gelo e mergulhavam se as roupas e as mãos. As mãos ficavam "engadanhadas" e deixavam de se sentir.
Estendida a roupa no arame, levanta-se a meio com um pau, para ficar alta e o vento lhe dar melhor.
Era hora de ir para casa e ajudar na cozinha.
Acender o lume para fazer o almoço.
Era a mãe que o acendia. Ateava o lume num instante sem fazer fumo, ao contrário de mim que nunca o soube fazer sem ficar com os olhos a arder.
Uma "macheia" de caruma e umas pinhas, e o fogo logo pegava . Enquanto o lume ateava ia partido uns cavacos dobrando-os com o joelho. Depois, com a tenaz, ajeitava a lenha ao alto para que o lume não se apagasse.
E eu ficava ali, a ver as chamas bailarem e a sentir o calor na cara e nas mãos que ainda doíam os dedos da água fria.
"Mari Clara!" , chamava a mãe, e lá ia eu, que estava a ser precisa.